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sábado, 31 de julho de 2010

Poema que a Wanessa fez para os fãs

Tenho certeza que vocês me entendem, que oram pelos meus passos e torcem para que eles me levem a felicidade
Grande foi e será a jornada de minhas realizações. E nesse caminho sempre tive a certeza
O quão grande era o amor de vocês por mim, por minhas escolhas, e que sempre estariam comigo!
Não me seguindo mas sim ao meu lado

São tantos anos... E longos anos virão!
Mas, "Eu estarei aqui..."






AAAAAAIN, que lindo!
Tive a sensação dela estar lendo isso pra mim, na minha frente, olhando olho no olho!!!

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Ser artista


Eu sou uma pessoa tão sonhadora, eu tenho tantos objetivos a serem conquistados, eu planejo tantas metas para a minha vida, mas é tudo tão difícil. Eu vejo tantas pessoas falando que encontram forças em suas famílias, que são apoiadas por elas, que suas famílias são as suas fortalezas, mas comigo é diferente. Eu vivo em um ambiente tão desconfortável, tão desagradável, eu me sinto tão mal na casa onde eu moro, as pessoas que me rodeiam me fazem me sentir indiferente, elas me reprimem, me rejeitam, me fazer me sentir culpado por coisas que não sou eu quem escolhe.


Eu sempre quis ser artista, mas a minha mãe sempre me reprimia, dizia que todo artistas é “viado” e que não queria ter um filho assim. Ela me via ouvindo músicas, lendo livros, fazendo peças de teatro na escola e se irritava bastante com isso. Ela jogava minhas fitas K7 no lixo, jogava fora meus livros e os meus cadernos, para eu não escrever mais, proibia o mu tio de me levar ao teatro e também me proibia de me envolver nas apresentações que aconteciam na escola. Isso me magoava tanto. Lembro como se fosse ontem, eu procurei e procurei as minhas fitas K7 de cantigas de roda e não as encontrei; fui jogar algo no lixo e lá elas estavam, quebradas e arranhadas, dentro da lixeira.


Eu não compreendia esses atos da minha mãe, a arte era algo tão bom, algo que me fazia sorrir, que me fazia feliz, mas ela ficava com uma cara de ódio quando me via assistindo Castelo Rá-Tim-Bum ou quando eu ficava dançando enquanto ouvia músicas infantis. Eu cantava e ela me mandava calar a boca, eu escrevia e ela me dizia que escrever era cosia de louco, eu ensaiava os textos das peças que eu entrava e ela me mandava parar com aquilo, dizia que aquilo não era cosia de homem e que eu deveria era jogar futebol.


Isso me machucava tanto, me deixava tantas marcas psicológicas, que estão em mim até hoje. Eu sou uma pessoa bastante tímida, tenho vergonha de falar e cantar em público, canto só pra mim mesmo, não consigo dançar como antes, enfim, eu não tenho capacidade psicológica para realizar metade dos meus sonhos. E o pior: eu me culpo por tudo isso. Me culpo por ter pais assim, me culpo por ter nascido em família humilde e mesmo assim querer fazer milhares de cursos, me culpo por ser desengonçado, por não conseguir atingir notas musicais graves, como se fosse eu que tivesse feito essa pressão psicológica sobre mim.


Ao menos eu tinha o meu tio, Carlos. Ele sonhava junto comigo, ele me fazia voar mais alto. Ele era professor de Arte-Educação e tinha tanto orgulho de mim, quando ele me levava para lugares legais, como bienais do livro, teatros e exposições, ele sempre encontrava alguém conhecido e me apresentava cheio de orgulho: “esse é o Edimar, meu sobrinho. Ele vai ser artista. Ele tem talento e gosta de tantas coisas”, eu adorava. Os passeios que eu mais gostava era quando ele me levava para assistir espetáculos de dança contemporânea, eu ficava maravilhado com o quanto aquelas pessoas se expressavam, faziam coisas incríveis com os seus corpos, e eu queria fazer coisas iguais a eles, queria fazer cursos de dança, mas nem perdia meu tempo pedindo à minha mãe, eu já sabia que eu iria ouvir um “não” e que “deveria era jogar futebol”.


Uma vez meu tio ficou sabendo que haveria testes para um musical, e eu fiquei louco, maluco, no mesmo instante que ele me deu a notícia eu quis me inscrever! Eu adorava “Saltimbancos”, “Cats”, “A Noviça Rebelde”, “Dançando na Chuva”, eu já tinha assistido vários musicais no VHS do meu tio. Humildemente eu fui pedir à minha mãe para ela deixar ele me levar ao teste, e mais uma vez eu ouvi um bruto “não!”. Falei para o meu tio que não poderia ir e ele ficou mais triste do que eu.


Eu tentava descobrir o porque da minha mãe me reprimir tanto, ela nunca me deixava tentar realizar os meus sonhos. Eu achava que ela tinha inveja de mim, que ela queria ser artista que nem eu, mas que não conseguiu. Quando o meu tio se mudou para a casa vizinha a nossa, foi uma das melhores coisas que já aconteceram na minha vida! Ele tinha discos, fitas VHS, milhares de livros, a casa dele era tão legal! Mas chegou um momento que a minha mãe me proibia de ir para a casa do meu tio, me proibia de sair com ele, e eu não conseguia ver motivos nisso! Ele me levava para lugares tão legais, eu me divertia, aprendia coisas, adorava sair com o meu tio, mas minha mãe não me deixou mais sair com ele. Eu não conseguia enxergar o porque, mas hoje eu sei o motivo: meu tio é gay. Isso mesmo: GAY! No mínimo ela imaginava que ele me levava pra me aliciar em algum lugar, me levava pra ver coisas erradas, mas não! Eu, com os meus 10 anos de idade, sabia sim o que era ser gay, e não imaginava que o meu tio fosse, e ele sempre me respeitou bastante, nunca tirou brincadeiras maldosas comigo, nunca me mostrou nada impróprio para crianças, ele simplesmente alimentava a minha cede de cultura, afinal, ele via que eu amava a arte acima de tudo, e apenas alimentava isso em mim.


São essas e outras coisas que me fazem enxergar o quanto a minha mãe é ridícula! Qual o problema de o meu tio gay me levar pra ver uma peça de teatro? Ser gay é uma doença que se adquire a partir do momento que se convive com um???


Infelizmente, meu tio teve que se mudar, pra uma casa longe de mim, até hoje não sei porque. Eu tinha cerca de 11 anos. Desde então minha vida se tornou um inferno: eu não tinha mais ninguém para conversar, para contar os meus sonhos, eu não tinha ninguém para me presentear com livros, para me levar ao teatro e me contar histórias no caminho, eu não tinha onde assistir VHS's (na minha casa não tinha um), e principalmente: eu não tinha mais onde ouvir música! Ele tinha uma imensa coleção de discos, acho que uns 300, eu ouvia de tudo, Maria Bethânia, Elis Regina (adorava “Como Nossos Pais”), Chico Buarque, Frenéticas, Caetano Veloso, músicas em outras línguas, em inglês, francês, espanhol, era tão legal!!! E eu me vi sem mais nada disso, preso numa casa, com meu irmão chato, minha mãe opressora e com pai agressivo, me agredia quase todos os dias, agredia a minha mãe na minha frente, sem cerimônia alguma.


Foi uma época tão difícil. Eu tentava me expresar artisticamente no colégio, mas lá não tinha espaço para tudo o que eu queria, eu entrava nas peças que organizavam, mas eu queira mais, eu queria dançar, eu queria cantar para todos ouvirem, mas além de não ter espaço, tinha minha mãe me reprimindo. Uma vez eu estava costurando uma roupa pra mim, eu mesmo que tinha desenhado e cortado o TNT, e estava costurando na mão, era pra uma peça, ela viu, rasgou toda na minha frente, jogou no lixo e me bateu bastante, dizendo que costurar era coisa de “viado”.


Essas coisas foram cada vez mais me fazendo desistir dos meus sonhos, eu fui me tornando uma pessoa menos perseverante, conformada, melancólica, fui deixando de me amar e de acreditar em mim mesmo, cheguei ao ponto de tentar o suicídio (com uns 13 anos). E era isso que a minha mãe queria, me ver ser fazer nada, sem ler livros, sem atuar, sem cantar, afinal, isso tudo era coisa de “viado”. Eu chorava bastante. Escrevia poesias tão tristes (hoje eu ainda tenho umas). Um belo dia minha mãe cansou de ser agredida e de ver os seus filhos serem agredidos, se separou do meu pai, ele ficou com uma das duas casas que tínhamos e nós ficamos morando na outra. Mais um momento difícil: minha mãe não trabalhava, apenas o meu irmão, mas ela não aguentava mais conviver com meu pai somente porque ele nos sustentava. No início foi difícil manter todas as contas, mas ela conseguiu um emprego e as coisas foram se encaixando aos poucos. Então passei a viver um pouco melhor: não era mais agredido quase diariamente, por motivos extremamente estúpidos, como levar um tapa por causa que ele queria assistir algo na Tv e eu estava assistido (bastava me pedir que eu saía), ser acordado aos tapas cedo da manhã para lavar o carro dele (ele não podia sair para o trabalho com o carro sujo, isso era vergonhoso). E no dia que ele comprou uma pedra enorme de granito, caríssima, pra colocar na entrada da área? Ele chegou do depósito, me chamou e me mandou carregar a pedra do porta-malas do carro e levar pra dentro de casa, mas no meio do caminho eu não conseguiu segurar aquilo e derrubei. A pedra se partiu em pedaços, ele veio, pegou um fio elétrico e me agrediu tanto, com tanta força, que até hoje eu tenho umas marcas na pele das feridas que não se cicatrizaram. Chega, acho que já deu pra perceber que eu não cresci numa família estruturada.


Eu sinto tanta inveja quando assisto o dvd da Wanessa Camargo e nas extras ela diz que desde pequena cantava em casa, preparava showzinhos pra família e todos assistiam, respeitavam, deixavam ela cantar em paz dento de casa. Isso deve ser mágico, ter familiares que te respeitam, que percebem que você tem potencial e te deixa seguir os seus objetivos. Enfim... O tempo foi passando, e eu finalmente cheguei nos meus 15 anos! Na noite anterior ao dia do meu aniversário, eu fiquei horas imaginando como que o meu dia seria: como eu não tinha condições financeiras de ter uma festa, ou de sair, ficaria em casa, ouviria música, enfim, fazer algo que fosse legal. Lembro que acordei com minha mãe me chamando aos berros, mandando eu fazer algo, acho que arrumar a casa, mas enfim, ela nem lembrou...


A partir de 2008, eu tava cansando de ser aquela pessoa triste, de querer tantas cosias e não correr atrás. Eu me olhava no espelho e via um adolescente tão acabado, com os olhos baixos, a boca, séria, eu não sorria, não via alegria em nada. Comecei a lembrar de como eu era antes, uma criança tão alegre, sonhadora, mas tudo isso foi se desgastando na minha personalidade, tanto sofrimento, tantas coisas ao meu redor foram me tornando uma pessoa cada vez mais triste. Comecei a ler livros de auto-ajuda. Comecei a estudar numa escola que tinha uma biblioteca bem interesante eu voltei a ler, consegui outra fonte de livros!


Aos poucos fui tentando resgatar em mim aquele sonhador, aquele talentoso, aquele Edimar feliz, que sorria por qualquer coisa, que não tinha vergonha de cantar no meio da rua, cantava pra todos ouvirem!


Um dia fui a um evento e nele um casal de cantores estava se apresentando. Cantores líricos, super bem afinados, ele dava graves super sustentados, ela dava agudos capazes de deixar alguém surdo! Fiquei com tanta vontade de ir lá falar com eles, perguntar se eles não sabiam de algum curso de canto gratuito, mas eu não era mais desinibido e não tive coragem de ir. No mês seguinte, teve outra edição do evento, e lá estavam eles de novo. Criei coragem e fui falar com eles, falei que adorava cantar, mas que não tinha condições de pagar um curso. Eles me deram um cartão com o endereço da escola deles, mandaram eu ir lá, ver como funcionavam as aulas, conhecer pessoas, e tudo mais. Eu fui porque eles foram muitos educados ao me fazerem o convite, mas eu sabia que não era um curso barato. Fui, fiquei lá atrás vendo eles dando aula. No fim da aula, cantaram para os alunos, uma bela canção lírica. Quando a aula acabou eu já ia falar com eles, dizer que foi um prazer, que eles eram talentosos e que davam aula muito bem, e voltar pra casa, mas eles me chamaram pra conversar. Uma conversa bem descontraída, eles falaram sobre música, sobre a arte de cantar, e pediram pra eu cantar pra eles, cantei “Sonhos”, do Peninha. Eles gostaram, disseram que eu tinha jeito, que eu escorregava numas notas, mas que eu era bom e que poderia melhorar. Eu disse obrigado e falei que tinha que ir, estava ficando tarde, e eles me perguntaram se eu era livre na semana, disse que sim, eles me estipularam um dia e horário e perguntaram e seu poderia ir pra lá nesses dias, eu disse que sim, mas que não podia pagar o curso, eles disseram: “Não se preocupe, venha, você tem futuro!” Saí de lá tão feliz, que você nem imagina!


Cheguei em casa e contei pra minha mãe, e ela não disse nada. Desde então comecei a juntar dinheiro pra poder me manter no curso, já que eu não ia pagar, tinha apenas que custear os gastos. Eles me passavam vários exercícios, eu tinha que treinar bastante em casa, mas era complicado, porque eu nunca ficava sozinho em casa, e quando eu começava os exercícios, começava a colocar a voz pra fora, meus irmãos riam de mim, minha mãe também e mandava eu parar com aquilo. Isso prejudicava tanto o meu desempenho. Eles começaram a ensaiar uma apresentação para uma noite especial, e eu tava no meio! Foi a minha estreia nos palcos, a primeira vez que eu subi num palco, peguei um microfone e cantei para várias pessoas. Foi uma sensação incrível! Uns amigos meus foram me ver, eu os convidei, e no dia eles me perguntaram: “tua mãe não vem te assistir?” E eu inventei uma história, não tive coragem de contar pra eles que tipo de pessoa minha mãe era!


O tempo foi passando e a minha ligação com esse estúdio foi ficando cada vez mais séria, cada vez mais eles me incluíam nas apresentações, e eu tentava levar a sério, mas era impossível treinar em casa, eu começava a cantar em italiano e todos riam de mim... Chegou um momento que eu comecei a não acompanhar mais o ritmo dos ensaios, não aprendia direito as músicas, e não vi outra solução a não ser sair de lá. Fui aguentando, chegava lá sem saber das músicas, ia ficando pra trás, até que surgiu uma oportunidade maravilhosa, de entrar em um grupo musical Pop, um estilo que eu amo, saí do estúdio e agarrei esta oportunidade. Ainda estamos em fase de concepção do trabalho, mas em breve divulgaremos algo concreto!


Decidi escrever esse texto porque não aguentava mais ficar com tudo isso preso na garganta, eu tinha que desabafar de alguma forma, tenho que esquecer essas coisas ruins e seguir em frente. Eu tenho sonhos, e agora que estou grandinho, corro atrás deles.


Mas o objetivo principal foi tentar conscientizar alguém, nem que seja uma pessoa somente. Se você conhece alguma criança ou adolescente, que tenha sonhos grandes, assim como os meus, não os faça desistir, não deixe ninguém os desestimular, por mais que sejam grandiosos, quase impossíveis, um sonho não é medido pelo tamanho da dificuldade de realizá-lo, mas sim pelo tamanho da força que se tem para realizar. E principalmente, quando alguém disser que você não pode fazer algo, não acredite, pois você pode SIM!


quarta-feira, 21 de julho de 2010

Clarice Lispector

Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas,
das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas,
dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais..
fortes…
tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!
Não me dêem fórmulas certas,
por que eu não espero acertar sempre.
Não me mostrem o que esperam de mim,
por que vou seguir meu coração.
Não me façam ser quem não sou.
Não me convidem a ser igual,
por que sinceramente sou diferente.
Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira.
Não sei voar de pés no chão.
Sou sempre eu mesmo,
mas com certeza não serei o mesmo pra sempre !³

Texto jurídico verdadeiro